O 3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar confirmado a cruzar o nosso Sistema Solar. Descoberto pelo sistema de monitoramento ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), ele viaja em uma órbita hiperbólica — o que significa que não está preso ao Sol e veio de fora do nosso sistema planetário. Trata-se de uma oportunidade rara para estudar materiais vindos de outras estrelas e entender como os sistemas planetários se formam em diferentes partes da galáxia.
Origem e descoberta
O 3I/ATLAS foi identificado em 2025 por astrônomos do projeto ATLAS, no Havaí. A confirmação de que sua trajetória era hiperbólica fez com que ele fosse imediatamente classificado como um objeto interestelar — o terceiro já registrado, depois de ʻOumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019).
O ponto de maior aproximação do Sol (periélio) ocorrerá em 30 de outubro de 2025, quando o cometa estará a cerca de 1,4 unidades astronômicas do Sol, próximo à órbita de Marte. Desde então, telescópios como o Hubble e o James Webb Space Telescope (JWST) vêm acompanhando o objeto, registrando dados valiosos sobre sua composição e comportamento.
Estrutura e composição
O núcleo do Cometa 3I/ATLAS é estimado entre 0,4 e 5,6 quilômetros de diâmetro — um bloco irregular de gelo e rocha coberto por crostas e poeira escura. Sob essa camada, há gelo de água e compostos voláteis, principalmente dióxido de carbono (CO₂).
Conforme o cometa se aproxima do Sol, o calor provoca a sublimação desses bolsões de CO₂, gerando jatos de gás que escapam por fissuras na superfície. Esse processo forma uma coma translúcida, uma nuvem de gás e poeira que envolve o núcleo e reflete a luz solar, criando uma aparência de véu brilhante, mais intenso no lado voltado ao Sol.

Observações feitas pelo telescópio SPHEREx detectaram uma coma rica em dióxido de carbono com raio de centenas de milhares de quilômetros. Isso indica que o 3I/ATLAS pode ter se formado em uma região fria e distante do seu sistema estelar original, próxima à chamada “linha de gelo de CO₂”.
Aparência e brilho
Apesar de ser um fenômeno impressionante para a ciência, o 3I/ATLAS não será visível a olho nu. Sua magnitude máxima estimada é de cerca de 11,5, o que exige telescópios de médio porte para observação.
Nas imagens captadas pelo Hubble, o cometa aparece como uma mancha difusa com uma cauda tênue e uma coma em formato de lágrima. O lado iluminado pelo Sol é mais brilhante, enquanto o oposto se mistura ao fundo escuro do espaço. No infravermelho, através do James Webb, o 3I/ATLAS exibe uma emissão forte de CO₂, revelando um halo energético que denuncia sua intensa atividade gasosa.

Valor científico
O estudo do 3I/ATLAS é uma chance única de observar material primordial vindo de outro sistema estelar. Ao analisar sua composição, os cientistas podem entender melhor como os sistemas planetários se formam em diferentes regiões da galáxia e quais tipos de substâncias são mais comuns no universo.
Comparar o 3I/ATLAS com seus predecessores — ʻOumuamua e Borisov — ajuda a identificar padrões e diferenças entre objetos interestelares. Além disso, o fato de o ATLAS apresentar uma alta concentração de dióxido de carbono e baixa quantidade de monóxido de carbono (CO) pode indicar que ele passou por processos de aquecimento antes de ser ejetado do seu sistema original.
Um enigma ainda em aberto
Embora tudo aponte para um cometa natural, o 3I/ATLAS ainda intriga os cientistas. Alguns estudos de polarização de luz indicam comportamentos ópticos atípicos, diferentes dos cometas tradicionais. O astrofísico Avi Loeb chegou a levantar hipóteses alternativas sobre a natureza do objeto, mas sem evidências conclusivas. O consenso atual é que se trata de um cometa genuinamente interestelar, mas com propriedades únicas.
🛰️ Confira as principais fontes primárias (oficiais e científicas)
“SPHEREx Spots Carbon Dioxide Coma Around Comet 3I/ATLAS”
https://www.space.com/astronomy/comets/spherex-spots-carbon-dioxide-coma-around-comet-3i-atlas
NASA – Science: Solar System Exploration
“NASA’s Hubble Telescope Studies Interstellar Comet 3I/ATLAS”
https://science.nasa.gov/solar-system/comets/3i-atlas/
“As NASA Missions Study Interstellar Comet, Hubble Makes Size Estimate”
https://science.nasa.gov/missions/hubble/as-nasa-missions-study-interstellar-comet-hubble-makes-size-estimate/
ESA – European Space Agency
“Webb observations of interstellar comet 3I/ATLAS”
https://www.esa.int/ESA_Multimedia/Images/2025/08/Webb_observations_of_interstellar_comet_3I_ATLAS
“ExoMars and Mars Express Observe Comet 3I/ATLAS”
https://www.esa.int/Science_Exploration/Space_Science/ESA_s_ExoMars_and_Mars_Express_observe_comet_3I_ATLAS
The Planetary Society
“Studying a Distant Visitor: What We Know About Interstellar Object 3I/ATLAS”
https://www.planetary.org/articles/studying-a-distant-visitor-what-we-know-about-interstellar-object-3i-atlas
Space.com
“Everything We Know About the Rare Interstellar Visitor 3I/ATLAS”
https://www.space.com/astronomy/comets/new-interstellar-object-3i-atlas-everything-we-know-about-the-rare-cosmic-visitor
Conclusão
O Cometa 3I ATLAS é um mensageiro de outros mundos — um corpo gelado que percorreu milhões de anos-luz até cruzar o nosso caminho. Sua passagem oferece aos cientistas uma janela rara para estudar a química e a física de sistemas estelares distantes.
Mesmo invisível a olho nu, o 3I/ATLAS nos lembra o quanto o universo ainda é vasto, misterioso e repleto de histórias esperando para ser contadas.
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- Written by: Eduardo Freire
- Posted on: 8 de outubro de 2025
- Tags: 3I Atlas, 3I/ATLAS, astronomia, CO₂, cometa 3I ATLAS, cometa interestelar, espaço profundo, Hubble, James Webb, núcleo de gelo, sistema solar